quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Seleção de livros de literatura e a importância de contar histórias (CONCEPÇÃO 2)

Nessa postagem gostaria de apresentar uma concepção individual, ligada diretamente a minha prática diária como professora, que certamente apresentou evoluções significativas ao longo do curso. Como professora sempre gostei de contar histórias para os meus alunos e compreendia essa como uma importante atividade pedagógica.

Todavia, o que eu não refletia com a devida importância é sobre os cuidados relativos a seleção das obras literárias que contava para os meus alunos e principalmente sobre a concepção de diferença que os autores operavam a escrever as histórias.

Especialmente a partir das discussões da disciplina de literatura infanto juvenil e aprendizagem pude compreender sobre a importância de como professora estabelecer critérios mais cuidadosos no que se refere a escolha de obras literárias para trabalhar com meus alunos.

Um dos textos estudados que gostaria de retomar aqui é o texto: - Nas tramas da literatura infantil: olhares sobre personagens “diferentes” - escrito por Rosa Maria Hessel Silveira.

A autora com base em outros estudos aponta que mesmo que os livros não se proponham explicitamente a “ensinar” eles apresentam uma ideologia implícita com relação a organização social, que também ensina. Com base nos livros analisados pela autora ela aponta que é evidente que os autores tinham uma motivação para escrever obras de uma forma pedagógica que transmitisse uma mensagem de não ao preconceito e mais adequada com a realidade vivenciada por seus leitores.

A autora após apresentar de forma resumida as 10 obras literárias analisadas, destaca alguns elementos que podem ser relacionados nas obras analisadas. Segundo a autora é possível identificar nos livros analisados o que ela denomina de: “gênese das diferenças” que segundo a autora seria uma explicação voltada para os leitores de que aquele personagem é diferente, pois ele nasceu assim. Em alguns livros junto com a explicação de que o personagem nasceu assim é possível encontrar uma explicação cientifica da deficiência do personagem.

Um segundo elemento analisado nas obras é relacionado ao “status dos personagens diferentes”: em alguns livros a autora aponta que a deficiência é narrada pelo discurso da falta, da carência gerando no leitor um sentimento de consideração mas também de pena pela forma que o personagem é narrado. Outras obras em contra partida narram a diferença através da potência, do que o personagem pode fazer ao invés de marcar a falta. Para exemplificar essa questão a autora destaca os livros: “A gaivota que não podia ver” e “o menino que via com as mão”.

O terceiro e último elemento que a autora analisa nas obras refere-se ao desfecho das narrativas, assim ela aponta que alguns livros por não apresentarem um enredo para ser resolvidos, não possuem um desfecho. Nas obras que possuem um desfecho ela destaca que as soluções utilizadas para finalizar as narrativas podem ser divididas em: 1- uma solução pelo sentimento: amizade, amor, carinho. 2- a inserção do personagem diferente em grupos também compostos por outros personagens diferentes. 3- a aceitação da diferença pelo personagem e pela família.

Como professora compreendo que a leitura desse texto foi bastante significativa. Pois a autora mostra importância de ao escolhermos uma obra literária para trabalhar com nossos alunos  observarmos como a diferença é abordada pelo autor da obra escolhida e como ela é narrada ao longo da história. Pois muitas vezes ao escolhermos uma obra para trabalhar a questão da diferença poderemos estar reforçando estereótipos e preconceitos ao invés de combate-los.


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