terça-feira, 31 de outubro de 2017

Crocodilos e avestruzes...


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Compartilho nessa semana uma pequena reflexão sobre um texto estudado na interdisciplina de "Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais”. O texto da professora Lígia Amaral nos ajuda a refletir sobre deficiência explorando duas metáforas: crocodilos e avestruzes. 
A autora utiliza a metáfora do crocodilo, para referir-se aos mitos que rondam as pessoas com deficiência. Esses mitos são nomeados pela autora como: preconceito, estereótipos e estigma. Os mitos seriam os crocodilos que rondam o castelo, impedindo o contato. A ponte que liga a cidade e o castelo seria a possibilidade de encontro protegendo dos crocodilos. Amaral explora assim quatro mitos ligados especialmente a deficiência física: 1- generalização indevida, na qual ocorreria uma “transformação da totalidade da pessoa com deficiência na própria condição de deficiência. (AMARAL, 1998, p. 16 e 17); 2- Correlação linear, onde acredita-se que se uma atividade é adequada para uma pessoa com deficiência ela será adequada para todas. 3- Contágio cósmico, que se refere “ao medo (pavor mesmo) da ‘contaminação’ pelo convívio”. (AMARAL, 1998, p.17) 4- Barreiras atitudinais, que consiste em ocupar uma posição desfavorável na relação com outra pessoa que é significativamente diferente.

Já para explicar uma reação que a autora tem observado que às pessoas apresentam em contato com uma diferença significativa ela explora a metáfora do avestruz que enfia a cabeça na areia. Assim em “situações em que entrar realisticamente em pleno contato com a diferença significativa não é uma possibilidade psicológica imediata” (AMARAL, 1998, p.20) é comum que as pessoas criem/ apresentem mecanismos de defesa para fugir desse encontro. é comum que as pessoas criem/ apresentem mecanismos de defesa para fugir desse encontro. 


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Referências:

AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre Crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. In: AQUINO, Julio Groppa. Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998. 

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Escola: laboratório ou auditório?


     Abro a postagem de hoje com o vídeo do professor Fernando Becker onde ele convida aos professores a refletirem sobre suas práticas pedagógicas a partir de uma provocação: "Menos auditório, mais laboratório". 
    O pesquisador e professor Fernando Becker é considerado um destaque na área de Educação no Brasil. O professor tem se dedicado a dois importantes pensadores para o campo educacional: Paulo Freire e Jean Piaget. O professor nesse vídeo defende a escola e a aula como laboratório e não auditório. Pois, enquanto no auditório apenas se transmite o que já se sabe. No laboratório ao contrário, lá se exerce a intuição e a experimentação. Assim o aluno não é concebido como um receptáculo de conhecimentos mas produtor ativo do seu processo de aprendizagem.      De acordo com o professor a escola tradicionalmente tem utilizado dois verbos: copiar e repetir. Ao revistar as obras de Freire e Piaget o professor nos oferece outros verbos para pensar a Educação como: interagir, indagar, experimentar, testar, sentir, cooperar, descobrir, ultrapassar. Enquanto a sala de aula como auditório tende a banalizar as metodologias cientificas pois desconhece como as ciências produzem conhecimentos novos. A sala de aula como laboratório parte da ação do sujeito, não uma ação comandada, mas uma ação espontânea.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Papel da escola e do professor em uma Educação inclusiva

"Se falamos tanto da inclusão é porque ela não existe. Os países que melhor fazem a inclusão ela tem desaparecido" (CARLOS SKLIAR) 

Inicio essa postagem com uma frase do professor Carlos Skliar em um vídeo que assistimos na interdisciplina de educação de pessoas com necessidades educacionais especiais, onde o professor nos convida a pensar uma educação inclusiva recuperando não tecnicamente nem burocraticamente a ideia de hospitalidade grega, onde eu recebo o outro na minha casa e lhe oferece tudo que eu tenho de melhor.

Assim escolas inclusivas e práticas inclusivas, não teriam relação unicamente com uma "preparação" específica para o trabalho com pessoas com a deficiência, mas além disso estar aberto para poder trabalhar com esses alunos da melhor forma possível em nossas escolas e salas de aula. 

Essa interdisciplina tem me ajudado a repensar minha prática como professora, especialmente em um contexto de educação inclusiva onde as escolas e os professores cada vez mais exigem dos alunos que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem e suas famílias um laudo médico  para somente após a apresentação do laudo desenvolverem uma proposta para esse aluno. 

Entendo a importância do laudo médico, mas como estudamos na interdisciplina, inclusive legalmente, é proibido que se exija um laudo médico, para que o aluno público alvo da educação especial frequente o Atendimento Educacional Especializado e seja cadastrado no Censo. 

Assim acredito que mais do que um laudo, precisamos estar abertos como escolas para receber todos os alunos. 

Vale a pena conferir o vídeo do professor Skliar:





terça-feira, 10 de outubro de 2017

Um pouco sobre a histórica das pessoas com deficiência...


Na interdisciplina de Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais estamos estudando um pouco sobre a história das pessoas com deficiência. Para tanto assistimos um filme chamado: “a história geral do Atendimento à Pessoa com deficiência”, o vídeo aponta que até a década de 70 as pessoas com deficiência eram invisíveis ficando restritas as instituições e/ou no âmbito familiar.
O vídeo marca a importância do ano de 1981, como o Ano Internacional das Pessoas deficientes. Destaca-se que a ONU ao utilizar a conceituação “pessoas deficientes” provoca uma mudança de paradigma com relação a esses sujeitos que até então eram denominados como “os deficientes”, “os inválidos”. A importância de inserir a conceituação pessoas marca uma virada importante para o Movimento das pessoas com deficiência. Dando um grande impulso para esse área de conhecimento, segundo os entrevistados. 

A imagem que escolhi para essa postagem, também nos ajuda a compreender um pouco sobre essa história. No texto que lemos a autora Olga Rodrigues explica que na Pré- história as pessoas com deficiência eram abandonadas e muitas vezes acabavam morrendo devido as configurações organizativas daquelas sociedades. Na Antiguidade existem relatos de práticas de eliminação e abandono, onde as pessoas que nasciam com alguma deficiência, não eram nem consideradas seres- humanos. Assim acredito que podemos considerar que nesse período tais pessoas vivenciaram práticas de EXCLUSÃO. Na Idade Média com a difusão do cristianismo essas pessoa, passam a ser consideradas “filhos de Deus” e portanto não podiam ser abandonadas ou eliminadas. Dependendo do nível da deficiência as pessoas eram institucionalizadas ou ficavam no interior das famílias. Vivenciando práticas de SEGREGAÇÃO. Na idade moderna começam a ter relatos de práticas educativas que visavam a adequação das pessoas com deficiência na sociedade. Práticas que podemos denominar como de INTEGRAÇÃO. E só mais recentemente que os estudos e movimentos das pessoas com deficiência começam a apontar para a necessidade de a sociedade mudar. Movimento que podemos denominar como de INCLUSÃO. Como destaca um dos participantes do vídeo:
“A integração é um modelo segundo o qual pessoas com deficiência uma vez reabilitadas, uma vez habilitadas, alcançam um patamar, um padrão de se encaixar na sociedade como ela sempre existiu. O modelo de inclusão é mais ou menos o inverso. Ou seja não é para encaixar a pessoa na sociedade. Não é para encaixar uma pessoa em uma sociedade que não mudou. A inclusão é você mudar a sociedade. Derrubar todas as barreiras, tirar todos os obstáculos, mudar atitudes, mudar o sistema. Para que qualquer pessoa, tendo deficiência ou não, ou qualquer que seja a deficiência, possa fazer parte da sociedade”.

Referências:




Texto: Rodrigues, Olga Maria Piazentin Rolim. Educação especial: história, etiologia, conceitos e legislação vigente / Olga Maria Piazentim Rolim Rodrigues, Elisandra André Maranhe. In: Práticas em educação especial e inclusiva na área da deficiência mental / Vera Lúcia Messias Fialho Capellini (org.). – Bauru: MEC/FC/SEE, 2008

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

E o pensamento crítico? Tem espaço nas redes sociais?



Na interdisciplina de Filosofia da Educação temos realizados execícios sobre a importância de exercitarmos um pensamento crítico. Hoje gostaria de compartilhar um exercício que fizemos sobre essa temática a partir de uma entrevista com o historiador Leandro Karnal sobre o Impacto das redes sociais na vida das pessoas.

No vídeo o historiador Leandro Karnal nos ajuda a olhar para as novas relações entre as pessoas pelas redes sociais rompendo com a dicotomia melhor ou pior, e apenas observar que tais relações tem se transformado ao longo do tempo. Mesmo mostrando que nos espaços virtuais teríamos muitas informações, mas não necessariamente espaços de formação ele aponta para as possibilidades de igualização de acesso e de produção de conhecimento que não fica mais restringida a círculos fechados e a uma elite intelectual. Assim as redes sociais podem estar contribuindo e auxiliando na democratização do conhecimento e não apenas na banalização deste. Claro que aqui é importante assumirmos um pensamento crítico no sentido que Marilena Chauí (2000, p. 20) aponta “a tarefa da crítica não é trazer verdades para se opor à falsidade; mas realizar um trabalho interpretativo com relação a pensamentos e discursos dados”. Assim acredito que ao olharmos para o impacto das redes sociais na vida das pessoas, podemos assumir uma postura como a de Karanal e ao invés de acusar ou comemorar, observar com atenção o que é dito e os efeitos que determinados usos tem produzido. Assim acredito que a utilização das redes sociais pode estar articulada a uma concepção de educação bancária que como aponta Hunhe (2000, p. 14): “Não estimula. Ao contrário, sua técnica reside, fundamentalmente, em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, sua criatividade” ou ao contrário pode produzir, fomentar e instigar a curiosidade do seu usuário.

Referências: 

CHAUI, Marilena. O trabalho da critica do pensamento. In: HUHNE, Leda Miranda. Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. Rio de Janeiro, Agir: 2000.

HUHNE, Leda Miranda. O ato de estudar (Apresentação a partir do texto de Paulo Freire). In: HUHNE, Leda Miranda. Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. Rio de Janeiro, Agir: 2000.