terça-feira, 19 de junho de 2018

Discutindo a avaliação em nossa prática escolar


Nessa breve reflexão busco retomar algumas das discussões realizadas sobre os processos de avaliação na interdisciplina de Didática, planejamento e avaliação. A partir de um fórum com as . colegas, professoras e tutoras podemos discutir sobre os diferentes significados e práticas de avaliação que permeiam as nossas atividades diárias como professoras.

De acordo com um texto estudado na interdisciplina para fomentar o debate da pesquisadora Lucinete Ferreira (2009) a nossa cultura escolar ainda olha para a avaliação como um fim e não como uma estratégia que auxilie no processo educativo. De acordo com Ferreira a avaliação ocupa um papel tão central do ato educativo que muitas vezes sobrepõem-se a aprendizagem dos alunos, o que torna tão difícil realizar discussões que apontem para uma lógica classificatória dos exames e nos provoquem a constituir novas práticas de avaliação.

Também realizamos a análise critica de duas charges que apresento a seguir:
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A primeira charge mostra como nosso sistema de avaliação ao operar a partir de uma construção do que é normal, no caso a professora, e o que não é considerado normal acaba excluindo vários alunos que são considerados anormais pelo sistema. Podemos observar aqui que a charge opera com uma visão de avaliação classificatória que classifica os alunos a partir de uma norma pré-determinada. Seria importante em contraposição a essa postura olharmos para a avaliação como um processo mediador, que auxilia todos no processo de aquisição da aprendizagem.

A segunda charge mostra vários animais diferentes que serão avaliados pelo mesmo critério. Aqui podemos observar a visão unilateral da avaliação, onde só o aluno é sistematicamente avaliado. Nem escola, nem professor, muito menos o próprio sistema avaliativo é questionado.

Chegamos então na importância do professor assumir uma postura ética frente ao sistema de avaliação. E aqui gostaria de contar uma história que aconteceu comigo quando comecei a lecionar. Estava atuando em uma turma de quinto ano que mostrava pouco interesse por tudo que eu trazia como proposta e era considerada pela escola como uma "turma problema". Minha colega sugeriu que no final daquela semana eu aplicasse uma "prova surpresa" para então "dar um susto neles". Sem muitas alternativas construiu uma avaliação sobre expressões numéricas, as quais eu havia trabalhado durante toda semana e ninguém havia prestado atenção. Sai da sala naquele dia feliz. E minha colega perguntou "funcionou minha estratégia né" eu respondi que sim, que no momento que apliquei a prova todos quiseram aprender. Então um por um vieram até minha mesa e eu ia os auxiliando. Aquela tinha sido a minha melhor aula. Minha colega ficou surpresa com a minha resposta afirmando que eu "devia ter deixado eles se darem mal". Porém meu objetivo era que os alunos aprendessem e eu havia atingido.

Retomo essa história para mostrar como naquela escola tanto alunos como professores operavam com uma concepção de avaliação que classifica e exclui. Aos poucos fui criando outras estratégias com a turma, assim para assumirmos uma postura ética como professores durante nossa ação pedagógica devemos ter em mente qual o nosso objetivo com aquela avaliação e o que eu irei fazer com o resultado dela. Pois assim ela será realmente diagnóstica, oferecendo elementos para qualificar nossa prática pedagógica e não apenas classificar os alunos.

FERREIRA, Lucinete. O contexto da prática avaliativa no cotidiano escolar. In:____. Retratos da avaliação: conflitos, desvirtuamentos e caminhos para a superação. Porto Alegre: Mediação, 2002. p.39-61.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Desenvolvimento da linguagem (PARTE 2)

Na semana passada busquei sistematizar algumas das contribuições do pensamento de Piaget e Vigotsky para o desenvolvimento da linguagem. Nessa semana vou realizar o relato de uma prática pedagógica desenvolvida com alunos de 02 anos de idade que se pautaram nos princípios apresentados na semana anterior. Primeiro apresento duas imagens e a partir da descrição dessas imagens apresento a atividade desenvolvida. Ao final realizo uma articulação com as teorizações apresentadas na semana passada.



Imagem 1:

                                        (Fonte: banco de imagens da autora)

 Imagem 2:

                                         (Fonte: banco de imagens da autora)

Na imagem 1 podemos observar uma criança que utilizou um brinquedo de encaixe, que através do seu brincar simbólico virou um binóculo, para observar algo. Na imagem 2, podemos observar que o aluno observava um filhote de passarinho e podemos inferir que esse passarinho havia caído de um ninho.
A atividade que foi desenvolvida com a turma teve como início essa cena e foi organizada a partir do olhar da professora para esse momento. Logo após esse registro várias crianças juntaram-se ao redor do passarinho. A professora então estimulou que as crianças criassem hipóteses orais para o motivo que levou o passarinho a estar ali. Uma criança logo questionou: “prof. Onde está a mamãe dele?” Outra perguntou “Onde é a casa dele?”, “Será que ele está doente?”. Então uma menina apontou para um poste e disse “Ali!”. Os coleguinhas logo acharam o ninho. Como não sabíamos o que fazer com o passarinho, nos dirigimos até a senhora que trabalhava na cozinha, pois de acordo com as crianças ela saberia o que fazer.
Ela então nos orientou a devolver o passarinho, mas envolver nossa mão com um pano para que o nosso cheiro não ficasse no passarinho. Ela nos ajudou e devolveu o passarinho para o ninho, com as crianças felizes aplaudindo. Após essa cena desenvolvemos uma série de atividades sobre o tema. E foi visível o desenvolvimento da oralidade dos alunos no momento de relatarem o que estávamos estudando. Inclusive os pais observavam esse desenvolvimento em casa.
Após esse breve relato busco articular com a teorização apresentada na semana passada podemos perceber a importância do meio social apresentada por Vigotsky para o desenvolvimento da linguagem de um lado, e as preocupações e explicações das crianças com relação aos fenômenos sociais apresentadas por Piaget de outro. Penso que nesse breve relato tais aproximações entre as teorias dos pensadores foi possível e importante para o trabalho pedagógico desenvolvido.


Referências:
PEREIRA, Caciana Linhares. Piaget, Vygotsky and Wallon: contribuições para o estudo da linguagem. Psicologia em Estudo, v.17, n.2, p.277-286. 2012.


quarta-feira, 6 de junho de 2018

Desenvolvimento da linguagem (PARTE 1)

Essa postagem será dividida em dois momentos. Nessa primeira parte realizo uma breve reflexão sobre as principais contribuições teóricas sobre o desenvolvimento da linguagem em Piaget e Vigotsky. Na segunda parte (que realizarei na próxima semana) descrevo uma atividade prática relativa ao desenvolvimento da linguagem em uma turma de educação infantil, com crianças de 02 anos de idade.

De acordo com a professora Caciana Linhares Pereira uma das importantes contribuições das teorias propostas por Vigotsky no que concerne o desenvolvimento da linguagem é mostrar como na criança podemos observar um aspecto diferente na esfera fonética e na esfera semântica. Enquanto na esfera fonética a criança avançaria da parte para o todo pois primeiro ela começa por uma palavra e depois avança articulando mais palavras entre si chegando a elaboração de frases. No aspecto semântico essa operação ocorre no sentido oposto: “a criança parte do todo para as unidades menores. A primeira palavra pronunciada pela criança não tem o significado isolado da palavra, mas o significado de uma frase inteira. Com o tempo, a criança passa a dividir o pensamento em unidades isoladas” (PEREIRA, p. 281, 2012).
Ainda de acordo com Pereira (2012, p. 284) as contribuições de Piaget para o campo da aquisição da linguagem também são muito importantes, mesmo que o autor “não tome a linguagem como constitutiva da inteligência e do pensamento, chegando mesmo a afirmar a independência do desenvolvimento da inteligência em relação à linguagem”. Assim a autora ira destacar como importante contribuição do pensador a construção de “um rico material sobre o modo como a linguagem se relaciona com as preocupações vitais na vida da criança” (PEREIRA, p. 285, 2012). Aqui destaca-se as preocupações que Piaget evidencia em suas incursões empíricas das crianças acerca das origens da vida e seus desdobramentos relativos à origem dos seres vivos e outros fenômenos naturais.
Apresentados estes princípios importantes acerca do desenvolvimento da linguagem na próxima semana irei apresentar uma atividade realizada com um aluno de uma turma de educação infantil com dois anos de idade com foco no desenvolvimento da linguagem. 





Referências:
PEREIRA, Caciana Linhares. Piaget, Vygotsky and Wallon: contribuições para o estudo da linguagem. Psicologia em Estudo, v.17, n.2, p.277-286. 2012.