quarta-feira, 25 de abril de 2018

O crescimento da procura pelos apostilamentos...


Para acessar a matéria da imagem: http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,182-cidades-de-sp-trocam-livro-federal-por-apostila-privada,10000016371


      A reflexão dessa semana é motivada pelas discussões da interdisciplina de "didática, planejamento e avaliação". Nessa interdisciplina conhecemos um pouco da história de vida e da obra de Comenius considerado por muitos pesquisadores como o "pai da didática". 

     De acordo com o pesquisador João Luiz Gasparim (1994) os princípios da didática proposta por Comenius fundamentaram uma transição entre duas concepções distintas sobre ensinar: da Idade Média para a Idade Moderna. Todavia, como nos alerta o pesquisador isso não significa dizer que Comenius abandonou todos os princípios antigos com relação ao ensinar, mas marcar a importância da obra comeniana a partir da inauguração de princípios pedagógicos que até hoje orientam e fundamentam algumas práticas desenvolvidas nas instituições escolares.
        Em um dos seus textos mais conhecido “A Didática Magna” Comenius apresenta o seu método que pretendia se constituir universal e “ensinar tudo a todos”. Com tal método Comenius (1996) prometia: 1- certeza, sendo impossível não se obter bons resultados; 2- rapidez, ou seja, sem ser cansativo ou enfadonho para professores ou alunos e 3- solidez, sendo um ensino não superficial e apenas com palavras, buscando encaminhar os alunos para uma verdadeira instrução.
        Outra grande contribuição da obra de Comenius é a invenção do livro didático. Seu conhecido “Orbis Pictus” ou “O mundo em imagens” que  contava com explicações, palavras e imagens foi publicado em 1658. Compreendendo que o método Comeniano buscava ensinar tudo à todos e ao mesmo tempo, acredito que a proposta de Comenius para utilização de seu livro era baseada em um trabalho coletivo, onde toda turma precisava caminhar junta e estudar junta. Assim imagino um professor a frente da sala, lendo junto com os alunos as palavras e acompanhando ao imagens com sua turma.
           Assim proponho uma reflexão com a matéria que trouxe para abrir essa postagem: por que assistimos ano a ano a ampliação de redes de ensino que optam pelos modelos de ensino apostilados? Não seria essa uma nova forma de investir em um ensino padronizado que não considera as necessidades e individualidades de cada sujeito? De cada localidade? Estaríamos novamente com a pretensão de ensinar tudo à todos, esquecendo o mais importante que é o que ensinamos e para quem ensinamos? Como ocorre a seleção de conteúdos? Quais são privilegiados? Retirar essas questões me parece retirar o que há de mais central na atividade docente.
                

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